Existe um lugar divino onde o horizonte e o céu se inundam de um azul intenso, a terra é sólida e fértil, entre ambos encontra-se o MOSTEIRO DE ROCAMADOR.

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Depois de vários anos ao abandono foi adquirido pelo actor espanhol e ex-director do festival de teatro de Mérida, Carlos Tristancho e sua mulher Lucía Dominguín, convertendo-o num Hotel Rural de charme. Trata-se de um mosteiro da Idade Média, construído em 1512 por um pequeno grupo de Franciscanos descalços.

As primeiras paredes foram levantadas sobre as escarpas de um planalto, envolto por uma paisagem de grande beleza, donde do alto se contempla toda a natureza no seu estado mais puro.

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Situado ao km 41,100 da estrada nacional Badajoz-Huelva, e depois da pequena localidade de Almendral (Badajoz), desviando para uma pequena ponte que faz viaduto, culmina-se num caminho de terra batida por 800 metros, entre sobreiros, pasto e olival, chega-se ao grande portão onde se lê “Monasterio Rocamador – año de 1512”.

A chegada ao mosteiro não é fácil, mas isso faz parte desta singular experiência, depois da abertura do portão tudo se dissipa, entramos numa dimensão celestial.

O sorriso franco à chegada como quem chega a casa, os cheiros, as cores, os livros antigos, o chão irregular e os tectos baixos surpreendem-nos a cada passo. No exterior o chilrar dos pássaros, a água que jorra em cada esquina, as fontes, a piscina, a terra e o barro dão uma harmonia perfeita a este lugar.

Os campos fecundos à volta serviram em tempos para abastecer o mosteiro de alimentos básicos: batatas, trigo, cevada, tudo em pequenas quantidades somente para consumo interno.

Desde a sua fundação o mosteiro teve entre 9 e 15 frades no período que vai de 1587 a 1824, alcançando a sua maior ocupação em 1678, com cerca de 22 frades. Mais tarde, e durante a Guerra da Independência a vida eclesiástica decresceu, em parte devido à presença dos Franceses na localidade de Almendral, a sete quilómetros. Em Abril de 1809 os frades abandonaram os claustros, alguns ainda regressaram, mas entre Dezembro de 1823 e Agosto de 1835 as receitas da comunidade eclesiástica quase desapareceram, viveu-se uma grave crise económica. A subsistência económica da comunidade dependia basicamente da actividade mendicante que junto com a prestação de serviços religiosos na igreja e nas povoações mais próximas ajudavam na arrecadação de receitas, que não eram suficientes para cobrir as necessidades mais básicas. Posteriormente devido à mudança de atitude dos camponeses que não se viam obrigados a financiar a igreja, o mosteiro acabou por ser definitivamente abandonado.

Os claustros são o coração de todo o edifício, de cor verde viva, são formados por um rectângulo de seis metros de largura e por quatro de altura, demarcado por dez colunas, donde se apoiam meios arcos que sustentam o piso superior. Originalmente a parte superior era aberta, presentemente encontra-se fechada formando um pátio confortável iluminado pela luz natural, onde funciona um restaurante com um ambiente especial. No centro, dois poços deixam-nos descobrir a majestosa adega, onde centenas de garrafas empoeiradas esperam a sua escolha. A capela está adjacente aos claustros, onde funciona outro restaurante, com cerca de 18 metros de profundidade e seis metros de altura.

A capela maior, de forma quadrada, com três metros de lado, eleva-se do resto da igreja. A cripta que mandou construir Dona Blanca Vargas para servir de Panteão à sua família e onde, mais tarde também se enterraram alguns frades que gozavam de grande fama de santidade pelos povos vizinhos, encontra-se fechada devido às violações a que foram sujeitos durante os anos de abandono. Na capela existe um altar de mármore onde se encontra a padroeira do mosteiro Nossa Senhora de Rocamador, onde se conserva actualmente a imagem de Nossa Senhora dos Anjos.

A restauração é uma das principais atracções do mosteiro. Rocamador é uma referência no panorama gastronómico consagrado na apaixonante arte e ofício de cozinhar. Ao longo do ano são convidados alguns dos mais conceituados chefes de cozinha que elaboram diferentes formas de sabores adequadas a cada estação do ano. E para rematar a excelência do serviço estes manjares dos Deuses são servidos na própria capela.

Restaurante do Mosteiro – na capela As celas dos frades são actualmente os quartos do hotel. Todos eles foram cuidadosamente decorados com uma atmosfera rústica, dispondo de todo o equipamento que permite uma agradável estadia. As diárias variam entre os 160 e 300 euros, sendo o pequeno-almoço sempre à la carte, não incluído no alojamento.

Recentemente considerado como um dos 10 melhores hotéis rurais de Espanha, é sem duvida um lugar onde os sentidos se purificam.

Editado no Diário Regional de Viseu, em 23 de Fevereiro de 2007
(Esta edição blog tem o artigo completo)