A visita do Presidente José Eduardo dos Santos a Portugal vem trazer um novo impulso às relações diplomáticas dos dois países irmãos. Muitos assuntos estiveram nas agendas, investimentos comuns, parcerias e também a melhoria do acesso aos vistos de entrada. Estamos a viver uma época em que os portugueses olham para Angola com o mesmo olhar de outros tempos. O tema de hoje é Luanda, a cidade que vive à beira da rotura, cujo crescimento urbano desordenado e o acumular de problemas trazidos pela guerra civil entre o MPLA e a UNITA a transformaram numa zona de alto risco. A cidade foi pensada para 500 mil habitantes e hoje tem mais de três milhões. Não foi efectuada uma única canalização ou aumentado qualquer depósito de água. Há inclusive quem adiante que na capital angolana vivem mais de 5 milhões de pessoas. Uma mistura pronta a explodir e que poderá acarretar banhos de sangue como os do Zaire e do Burundi. A proposta passa pela construção de uma Nova Luanda. Os arquitectos angolanos estão a trabalhar numa proposta arrojada. A ideia é construir uma capital estrategicamente colocada no centro do país, entre Luena e Cuito. Luanda poderia ser uma cidade histórica como são Salvador ou Angra dos Reis, ficando a parte política deslocada sem a perturbar. Neste momento Luanda está a ver o seu património a desaparecer pela carga humana que a cidade está a sustentar. As pessoas são como as formigas, comem tudo. A Nova Luanda teria de ser projectada para uma cidade de 7 milhões de habitantes. Neste momento não há meio-termo, coexistem os muitos ricos, os privilegiados do sistema, que vivem numa cidade há parte e os restantes habitantes. Luanda assistiu a uma expansão urbana exponencial, e um crescimento demográfico que anda na ordem de um terço em relação à população de Angola. Luanda é o foco que oferece condições de emprego e de sobrevivência, em relação ao resto do país.